A forma de sentir e de colocar em prática as emoções variam de acordo com o tempo e com as sociedades. Em diferentes épocas, e nas mais variadas culturas, a ideia do que é o amor sofreu constantes alterações. O amor platônico, o amor cristão, o amor cavaleiresco, o amor romântico e o amor líquido, proposto por Zygmunt Bauman, coexistem dentro de nós, gerando angústias e aflições. O filósofo Byung-Chul Han chegou a dizer que, em momentos atuais, existe uma “agonia de Eros”, isto é, o amor luta para continuar existindo.
Em uma sociedade dominada pelas redes sociais, pela valorização do indivíduo, pela velocidade das fotos e pela fluidez, como é possível dedicar tempo ao outro? Como cultivar lentamente o sentimento e o desejo pelo outro se esse mesmo outro nos escapa pelas mãos? No mundo das selfies, em que as pessoas “se buscam” e, portanto, procuram aquilo que é igual, de que maneira podemos reaprender a valorizar o diferente?
A partir da História, e dos estudos culturais, podemos revisitar a origem das mais diferentes narrativas amorosas. Elas estão dentro de nós. Elas ainda ecoam. Assim como Santo Agostinho havia se questionado, podemos, então, lançar a seguinte pergunta reflexiva: “Em quem nos tornamos para nós? No que nos convertemos uns para os outros? “. A partir de uma viagem pela “História do Amor” talvez consigamos encontrar respostas e caminhos, na medida em que vivemos a dolorosa passagem do amor eterno para o amor efêmero.

Vamos refletir juntos?

Marcus Vinícius de Morais
Doutor em História Cultural (Unicamp)

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