Existem reflexões já bastante aprofundadas sobre conhecimento e autoconhecimento na Análise do Comportamento. Sabe-se com clareza a importância das relações sociais, do papel do “outro”: comunidades verbais e afetivas diversas, podem produzir diferentes formas de conhecimento do mundo e de autoconhecimento. Uma comunidade verbal budista produz um tipo de conhecimento e autoconhecimento, uma psicoterapia humanista um outro, um grupo de pescadores no amazonas outro. Cada forma de conhecimento é válida, significativa e exerce uma função específica nas relações das pessoas com o ambiente que se relacionam.

A questão importante discutida aqui é: qual conhecimento e autoconhecimento é construído pela comunidade verbal estabelecida pela Terapia Analítico-Comportamental?

Não se trata da construção de um conhecimento contemplativo, mas sim de um conhecimento que entenda as funções que a pessoas exercem sobre o mundo que estão inseridas, e as funções que esse mundo exerce sobre a pessoas. Tais funções (relacionais) são constituídas por sentimentos, pensamentos e ações, continuamente mutáveis a cada interação. Sendo assim, cada conhecimento produzido sobre a própria subjetividade trará consigo a concepção de ser humano, como um ser continuamente mutável. Mutável pela complexidade das múltiplas e complexas influências exercidas pelos mais diversos e complexos ambientes físico, social e afetivo. Ambientes complexos e mutáveis que interagem com indivíduos que se tornam complexos e continuamente mutáveis, e conhecimentos e autoconhecimentos, por sua vez, complexos e mutáveis.

Trata-se essencialmente de um (auto)conhecimento gerador de um indivíduo que pode se tornar, diante de contingências de reforço específicas, sujeito da própria história. No sentido do entendimento de seu papel como alguém que pode transformar o mundo em que vive. Mas não se trata de qualquer transformação, mas sim de uma vinculada a saúde comportamental. Saúde comportamental é sinônimo de saúde relacional. Ou seja, o conhecimento, de que, o que é bom para o ambiente com o qual eu me relaciono, é bom para mim. Preservar o ambiente físico, não poluindo o mar e o ar, é bom para todos, inclusive para os que estão para nascer hoje. Produzir sentimentos de bem estar, prazer, reconhecimento, e amor nos outros que estão ao meu lado, incidirá sobre mim e sobre os outros que se relacionam com essa pessoa, agora e no futuro.

Há muito a ser refletido ainda sobre as extensões dessa forma de conhecimento e autoconhecimento. Demos aqui uma pincelada. Vamos continuar pensando ...

Wilton de Oliveira
ITECH -Campinas

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